Discurso de ódio online e aplicativos de mensagem instantânea: uma abordagem sociotécnica de interações no WhatsApp e no Telegram

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Discurso de ódio online e aplicativos de mensagem instantânea: uma abordagem sociotécnica de interações no WhatsApp e no Telegram

a circulação de discurso de ódio em ambientes on-line configura-se como um dos principais desafios para as democracias contemporâneas. A literatura tem apontado que a discriminação contra grupos vulnerabilizados em razão de características identitárias (gênero, raça, orientação sexual, origem etc.) ganha especificidades quando praticada nas mídias digitais (BROWN, 2018; SIEGEL, 2020). O aumento, por exemplo, da visibilidade de símbolos de supremacia branca e de ataques a grupos étnicos sinaliza a necessidade de governos, pesquisadores e organizações civis combaterem os desdobramentos do discurso de ódio praticado na internet (PAREKH, 2012; SILVA, 2016). Esta pesquisa examina como as características sociotécnicas das plataformas de mensagem instantânea estruturam a produção, a circulação e o combate ao discurso de ódio on-line. O estudo foca especificamente no debate em grupos públicos do WhatsApp e do Telegram no contexto brasileiro, reconhecendo a centralidade destas plataformas para a comunicação cotidiana e a consolidação do celular como principal canal de acesso à internet no país (IBGE, 2015). A hipótese central é de que a dinâmica do debate mediado por esses aplicativos resulta da negociação entre as normas de sociabilidade estabelecidas por grupos de usuários e o que chamaremos de "gramática das plataformas" (OMENA, RABELLO e MINTZ, 2020), ou seja, o conjunto de funcionalidades expressas materialmente nas interfaces de um determinado meio digital, sobre o qual se inscrevem usos possíveis, planejados ou não. Assim, intencionamos saber: que tecnicidades oportunizam os discursos de ódio nesses ambientes? Por meio de que práticas? Que apropriações viabilizam? Quais táticas de enfrentamento às discriminações permitem? Com base em uma abordagem quali-quantitativa, a pesquisa vai monitorar grupos públicos nos referidos aplicativos, analisar a interface das ferramentas que disponibilizam e realizar entrevistas semiestruturadas com usuários.

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