A pesquisa investiga os diferentes níveis de habilidades digitais dos usuários da plataforma de democracia digital e-Cidadania, uma iniciativa do Senado Federal. O objetivo é averiguar se pessoas com mais habilidades no uso de ferramentas de tecnologias de informação e de comunicação conseguem mais apoio às suas ideias cadastradas no portal, as propostas dos usuários só são avaliadas pelos senadores se atingirem o mínimo de 20 mil apoios. A literatura acadêmica sobre exclusão digital avançou muito nas últimas décadas. As primeiras pesquisas tinham como principal preocupação o acesso físico a um aparelho e conexão com a internet, uma agenda de pesquisa que ficou conhecida digital divide, tendo como uma das principais referências a pesquisadora Pippa Norris (2001). Com o avanço da cobertura de banda larga e disponibilidade, cada vez maior, de aparelhos tecnológicos como smartphones, notebooks, o debate avançou para a preocupação sobre as habilidades e usos dessas ferramentas (second-level of digital divide) e, mais recente, para os impactos positivos e negativos dos diferentes níveis de uso (third-level of digital divide). No Brasil, temos no âmbito legislativo federal, iniciativas como o e-Cidadania, um portal de participação do Senado que permite ao cidadão propor ideias legislativas, que podem vir a se tornar um projeto de lei. O portal acumula milhares de sugestões, porém, desde que foi implementado em 2012, poucas propostas conseguiram ultrapassar um filtro de apoio que exige 20 mil votos, de outros usuários, para que a sugestão passe a tramitar. A principal questão de pesquisa colocada é porque alguns poucos usuários alcançam dezenas de milhares de votos, enquanto milhares de outros não conseguem sair de uma dúzia de apoios. Metodologia: Questionário submetido aos usuários do portal e-Cidadania para que estes avaliem seu nível de habilidade digital em áreas como comunicação, criação, cultura e ativismo digital. O estudo também vai coletar informações demográficas desses usuários, como renda e escolaridade. Esses dados serão cruzados com as propostas cadastradas no portal para verificar se há uma relação entre o nível de habilidade e o número de votos que os proponentes alcançaram no site. Outras abordagens metodológicas devem se concentrar na análise de conteúdo das propostas e entrevistas com usuários. A hipótese levantada é que habilidades específicas do mundo digital estejam norteando essa conquista, determinando quais ideias e propostas serão avaliadas por senadores e senadoras, resultando em um aumento das desigualdades políticas e cidadãs.