A pesquisa investiga as práticas de utilização e desenvolvimento das tecnologias de Inteligência Artificial (IA) pelos agentes públicos federais no Brasil. Tendo em vista os elevados custos de armazenamento e tratamento de dados em nosso país, ativo fundamental para a Inteligência Artificial, a proposta é problematizar as práticas estatais e avaliar se estão reforçando o escoamento de dados para fora do país, se incentivam ou bloqueiam a criatividade e à inventividade da inteligência coletiva local e nacional. Utilizando as noções de colonialismo digital, tecnodiversidade, soberania de dados e soberania digital, a investigação quer observar, mapear e analisar as práticas de governo para a implementação da IA. A hipótese central é que tais práticas consolidam a condição do Brasil não como inventor e desenvolvedor de tecnologias, mas como país comprador e usuário de serviços e soluções desenvolvidos pelas Big Techs, uma vez que diante da carência de infraestruturas digitais necessárias ao desenvolvimento de soluções de aprendizado de máquina, frente aos elevados custos para a criação de data centers em território nacional, da forte presença das plataformas digitais transnacionais em nosso cotidiano, a doutrina neoliberal deslegitima e ataca a ação direta do Estado para alterar esse cenário.