OBSERVATÓRIO DE MILITARES EM PLATAFORMAS DIGITAIS (OMPD): PROPOSTA DE MONITORAMENTO SISTEMÁTICO DA ATUAÇÃO DE MILITARES BRASILEIROS NAS REDES DIGITAIS

Pesquisas / Política Online

OBSERVATÓRIO DE MILITARES EM PLATAFORMAS DIGITAIS (OMPD): PROPOSTA DE MONITORAMENTO SISTEMÁTICO DA ATUAÇÃO DE MILITARES BRASILEIROS NAS REDES DIGITAIS

Este projeto de pesquisa tem o intuito de investigar os modos de uso e as características do que se compreende como uma nova forma de manifestação da longa tradição da relação entre militares e a vida política brasileira (BARBOSA et. al, 2018): a presença ativa de membros das Forças Armadas e de militares das Forças de Segurança do Brasil na comunicação ordinária, difusa e ininterrupta das plataformas digitais. A comunidade científica brasileira abriga uma longa e sólida tradição interdisciplinar de pesquisa acerca da relação entre militares e a política nacional (BARBOSA et al., 2018; FILHO, 2021), incluindo estudos que abordam aspectos comunicacionais por meio de análises da imprensa militar (NASCIMENTO, 2018; NETO, 2018). No campo da comunicação, especificamente, muitos esforços de pesquisa e muitas páginas foram dedicados, devidamente, à compreensão do papel das mídias digitais na ascensão de Jair Bolsonaro à presidência da República, que subverteu muitas das variáveis que costumavam incidir sobre o favoritismo presidencial no Brasil da Nova República, a exemplo do exíguo tempo de que sua campanha dispôs para propaganda em rádio e televisão no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (AGGIO, CASTRO, 2020; NICOLAU, 2020). No entanto, o atual presidente do Brasil é parte integrante de um fenômeno mais amplo de inserção dos militares na política contemporânea. Segundo o 14o anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, militares das Forças Armadas e das Forças de Segurança somaram juntos cerca de 25.452 candidaturas a cargos eletivos entre 2010 e 2020 (LIMA, BUENO, 2020). No que diz respeito às forças policiais isoladamente, as eleições de 2020 registraram o maior número de policiais militares candidatos a cargos eletivos dos últimos 16 anos (VASCONCELLOS, 2020) e entre profissionais de segurança pública, no geral, a proporção de eleitos triplicou de 2010 a 2018. Coincidentemente, multiplicam-se contas, perfis e páginas administradas por militares nas plataformas digitais ao mesmo tempo em assistimos à ascensão desses grupos na vida pública brasileira. Este fenômeno abre um vasto campo de pesquisa sobre a relação de militares com a política nacional que permanece inexplorado na área da Comunicação. Desse modo, este projeto visa contribuir com o preenchimento dessa lacuna por meio do monitoramento e análise perfis administrados por militares nas plataformas online para refletir acerca da relação desses grupos com a política numa era de descentralização e abundância comunicativa (MENDONÇA, AGGIO, 2021; BENKLER, FERRIS, ROBERTS, 2019). No plano metodológico, o projeto funcionará em torno de um observatório que acompanhará, por meio de coleta e raspagem de dados, uma amostra de cerca de 700 perfis e páginas de militares nas plataformas Twitter e Facebook, que poderá ser incrementada ao longo do percurso de observação com outras contas de outras plataformas . No plano analítico, o projeto será executado em quatro frentes com o objetivo de compreender diferenças e camadas políticas distintas no modo como esses militares se comunicam com suas audiências: (a) identificação e análise das características de temas e assuntos de natureza política abordados pelos militares em suas contas; (b) análise comparativa dos perfis com base nas vinculações institucionais (se FA ou PM), patentes e cargos; (c) identificação de posições político-ideológicas e partidárias; (d) modos de uso das ferramentas e recursos disponíveis nas plataformas.

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